segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O SONO PERDIDO






Dentre minhas muitas qualidades (sim, hoje estou otimista), está a minha imensa capacidade de dormir BEM e BASTANTE - de preferência!

Nunca tive problemas com sono, ou melhor, com a "falta de sono". E isto me trazia uma felicidade silenciosa porque quando resolvia dar "adeus ao mundo cruel", bastava vestir um pijaminha confortável e me deitar na minha adorada cama.

Como nada neste mundo é perfeitamente perfeito, NUNCA pude dormir tanto quanto eu queria, ou seja, BASTANTÃOZÃO!

Ainda assim, me gabava da minha competência em me "autoninar".

Infelizmente há algumas semanas percebi que algo estava errado. Talvez o travesseiro, a temperatura, o colchão, o período de férias das crianças, o pensamento fixo no meu saldo bancário (ou na falta dele), sei lá... o fato é que eu não consigo mais dormir como antes.

Tentei o chá quentinho, a leitura daquele livro que nunca terminei de tão chato que é, meditação (já tinham me falado que deitada não dá certo mesmo), mas enfim NADA DE NANAR.

No auge das minhas olheiras implorei ao meu marido por um comprimido de Lexotan após um dia mega-exaustivo. Adivinhe?! Descobri que o infame me deixa com os olhos secos e faz efeito inverso, terminei a temporada de Desperate Housewives inteira e fiquei em dia com a série.

Sempre ouvi dizer que o sono diminui na medida em que nossa idade aumenta. Nunca quis acreditar. Até já desejei isso (muitas vezes me arrastei até o colégio de minha filha rezando pra que ninguém percebesse que eu estava de pijama por baixo do casaco), mas nunca pensei sobre o assunto. Na verdade eu achava que o indivíduo mais velho passa a dormir menos porque está mais próximo da morte e se dá conta de que ainda tem muito o que fazer! Será...

Na busca pelo meu sono perdido mergulho no oceano de pensamentos que invadem minha cabeça e começo a fazer planos (não há nada mais eficaz para afastar o sono do que fazer planos, principalmente, se eles forem inatingíveis a curto prazo). Imagino que vou mudar minha vida, tirar um ano sabático e parar de trabalhar por dinheiro, vou voltar para a academia e retomar a Yoga, vou virar vegetariana sem ficar chata nem doente, vou conseguir arrumar o escritório e guardar a papelada que está escondida no meu baú de vime... ah! também vou deixar de comprar bolsas e coisas fúteis como canetas, caixinhas, roupas pra cachorra e canecas de chá.

Nada do sono chegar, nem sequer um bocejo.

Então filosofo comigo mesma: Se não descanso meu cerebrozinho é porque algo está me incomodando, o que é? Tento achar o que mais me incomoda, o que eu mais quero e não consigo, o que me deixa frustrada e ansiosa?

Nooooossssa Senhora Mãe de Deus!!!! Aí que a coisa virou um monstro! Descobri que sou a pessoa mais frustrada, incomodada, descontrolada do universo! Estou a anos luz da vida perfeita que sempre sonhei! E agora? Até conseguir resolver tudo serão décadas sem pregar meus olhinhos.

Em contrapartida começo a lembrar que li em uma revista que o perfeccionismo é uma grande armadilha que só nos leva a ansiedade e a depressão. Ninguém nunca admitiu viver a perfeição em todas as áreas de sua vida( e se admitisse não seria perfeito e sim arrogante, metido e mentiroso).

Tá decidido, não quero ser assim!

Mas ainda tenho o problema do sono. Acho que vou escrever enquanto insone... mas aí tem o frio... e a minha cama quentinha... e o computador que está lá no outro quarto... pensando bem, a natureza é originalmente imperfeita e não adormece nunca. Vou ficar aqui mesmo, quietinha, ainda me resta a preguiça.


E bons sonhos...