quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O HAITI JÁ É AQUI



Já reparou como as grandes catástrofes liberam no ser humano benevolência como se fosse endorfina?

É sério!

Repara só, basta ter uma desgraça bem grande pra que os indivíduos libertem seu “eu” bonzinho e consciente e sintam necessidade de ajudar ao próximo.

Talvez porque os acontecimentos chamem atenção para suas vidas medíocres, confortáveis, sem-graça...ou só porque haja uma obrigação social, sei lá...

Acho interessante ver que nestas horas as pessoas se agitam, ligam pros amigos, lançam mão de e-mails, blogs, twitter etc e tal, e querem mostrar que estão engajadas, mas não sabem sequer como a mãe passou o final de semana passado.

É comum - e quem mora em condomínios vai concordar comigo - passarmos por nossos vizinhos e nos limitarmos ao “bom dia” ou “boa noite” tradicionais, no máximo “ um comentariozinho sobre o tempo”. Às vezes ouvimos o pau quebrando no apartamento ao lado, gente gritando, criança chorando, a mulher jurando que não agüenta mais e vai se separar, e o que fazemos? NADA, é claro! A gente até disfarça no dia seguinte e faz de conta que não ouviu nadica, só pra não constranger os caras.

É bonito de ver a comoção do povo, as demonstrações de ajuda enviando roupas, comida, água, dinheiro, até gente! De verdade! Já sabemos que o ser humano é dotado de uma extrema capacidade de demonstrar amor tanto quanto egoísmo. Vamos nos ater a parte boa.

O mais emocionante é observar como a tristeza e a desgraça servem de alimento para a sobrevivência e para a transformação do universo em um lugar melhor para se viver, no exato sentido das palavras.

No final das contas, praticando uma ação trivial alguns ainda tem a petulância de sentirem-se melhor do que alguns outros e como adoram divulgar sua bondade. Trivial sim! Porque solidariedade, ato humanitário, manifestação de apoio ou seja lá o nome bonito que quiserem dar é uma questão de inteligência e quesito fundamental para quem quer ser “gente” de verdade. Consciência e atitude. É tudo uma questão de treino.

Infelizmente – ou felizmente – não temos o poder de controlar a natureza e o curso da vida. Os mega desastres continuarão acontecendo, na proporção do sofrimento de cada um de nós. Enquanto isso, podemos começar a ser mais “gente” todos os dias, quem sabe ligando para aquela amiga que está com o filho internado, respondendo o email daquele colega que avisou que perdeu o emprego, ou simplesmente dando um abraço de urso no seu irmão esquentadinho que vive te aporrinhando.

É só começar.


Nota (i)- A todos aqueles que foram afetados de alguma maneira por catástrofes, meu super-hiper-mega abraço de ursa. Minha contribuição é contínua e não eventual. Sigo treinando.

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